domingo, 16 de agosto de 2009

Duas Vidas ... algumas interrogações !


Será sempre assim... Amar as raízes e aspirar ao céu?
Paradoxais são os desejos que alimentam os meus voos;
quero ser dono do meu tempo, segurar as rédeas da minha vida, e ainda ser folha arrastada no vento, pintada pelas cores da estação, leve e estaladiça.

Preciso tanto do meu espaço, do meu cheiro nas paredes, de caras conhecidas a sorrirem-me do porta-retratos na estante, como da liberdade de vaguear sem destino, como uma gota anónima num oceano de vidas.

Gosto de me reconhecer nos caminhos rotineiros, de antecipar cada passo e essa segurança é uma espécie de redoma que me protege das intempéries de um destino caprichoso.

O mesmo destino que me acena do horizonte e me fascina, inebriado pelas promessas de aventura, me sucumbe à tentação de me fundir no mundo.

Amigos, quero uma vida normal, com direito a tudo aquilo que fui programado a ambicionar e, com a mesma intensidade fervorosa, desejo escrever uma história original, por entre a poeira dos caminhos e com o céu estrelado como testemunha.

Mas para isso quero duas vidas para viver!

Perdido por aí, sinto-me tão vivo...
Dilui-se no sangue a angústia das horas, o tempo passa devagar, como uma carícia.

Ouço até o coração da terra palpitar-me no peito, se os meus pés decalcam as pegadas luminosas do universo.

Viajar mata a minha fome de mundo. Por um instante, sinto-me cumprir o meu destino, como se eu não pertencesse nem a mim.

Desejo, com os olhos a brilhar de excitação, cada rua, cada pedaço de mar, banhado de luar e viver histórias de piratas.
Vou saquear as emoções que escondem os rostos alheios, dissecar os mitos de cada sombra que desce sobre a cidade.

Quero viajar mergulhando nos mais diversos sentimentos, por que o prazer não está em chegar, mas na viagem.

Sentimentos, transporto-os a tiracolo;
o tempo encarrega-se de lhes limar as arestas e eu beijo-lhes as palavras e os silêncios.

Almejo os sons, as cores, os cheiros, a arte, a ALMA que circula em um mundo desconhecido, descobri-la, possuí-la, deixar-me apaixonar.

A beleza escraviza-me e bebo dela, até me latejar nas têmporas.
Rasga-se-me o riso nos lábios, se apreendo um pouco mais da realidade.
Realidade que também existe aqui... Aqui, onde estou integrado, onde posso ser eu.

Aqui, onde pertenço, onde busco a felicidade.
Eu preciso de duas vidas... Uma para me perder e outra para me encontrar...
Como se fosse um poema e uma poesia!

Alguém ai me entende?
Ahhh deixa pra lá, eu não vim pra me explicar mesmo ... Eu vim é pra confundir !


Agora pego meu guarda chuvas e prossigo, um dia explico isso tudo melhor!







Luciano Braz - Plagiando uma realidade mútua ... refletindo sob uma verdade própria!

9 comentários:

Brisa Inaê disse...

Este poema faz-nos refletir sobre o ideal, o real,o medo, a necessidade, o fascínio e o desejo...
Vc consegue expressar o que sentimos, mas que não conseguimos expressar.
Caro poeta, vc consegue dar vida as palavras.

Parabéns.

Anônimo disse...

Eu diria que nesses versos contêm toda uma vida, as suas aspirações, anseios, dores, nostalgias, toda a realidade estampada em forma de melodia.
Pra ser mais exata: Uma Viagem!

Beijos!

Majoli disse...

Olá Luciano, sempre bom te ler, e hoje ao terminar fiquei sorrindo..."Eu não vim pra explicar mesmo...eu vim é pra confundir!"...rsrs.

Tenha uma linda semana, beijos.

Karine Leão disse...

Luciano,

Vim lhe agradecer a visita e lhe dizer que realmente muitos sentimentos fazem de nós subalternos mesmo... e o grande segredo é estarmos sempre em transformação, aprendizado.

Gostei muito do seu espaço também!

Um grande e Karinhoso beijo,

Mariana disse...

Luciano gostei muito do poema, é suave,é real e fez-me refletir.
Tenhas um dia produtivo.

Clarice disse...

Luciano, seja bem vindo a minha janela. Muito bom seu texto, eu tb gostaria de ter duas vidas ... uma seria o rascunho e a outra para valer ... quem nos dera!(rsrs) - espero que mesmo partindo vc continue por perto.

Jose Ramon Santana Vazquez disse...

...cancion
y
verso
unidos
luciano
con
corazon
ardiente
en
comunion...

desde mis--
horas rotas--

te sigo luciano

con un fuerte

abrazo lleno de

emocion.


afectuosamente:


jose ramon...

Sammyra Santana disse...

amei o poema!
li em seu perfil que vc é garçom, mas na verdade vc serve memso é muitas bonita shistórias... de bandeija, rs!
abraços

Poeta Mauro Rocha disse...

Ola!!Esse poema lembrou-me o filme "A dupla vida de Veronique"não sei se conheçe, mas está muito bonito.Parabéns.Um abraço!!